Fome descomunal? A razão pode estar no que você coloca no prato
A endocrinologista Ana Simioli, do Hospital Moriah, explica que a fome funciona como um alarme corporal para avisar que o corpo precisa de energia
A fome é a maneira do corpo alertar que necessita de mais energia. Esse alerta é controlado pelo sistema nervoso e pelos hormônios orexígenos, responsáveis pela fome. Assim que é suprida a necessidade energética, os hormônios anorexígenos entram em ação, provocando a saciedade. Ou seja, a fome é uma vontade e necessidade passageira.
Já a fome excessiva, ou seja, quando a pessoa come com mais frequência e em maior quantidade do que a necessidade corporal, pode ocorrer por um distúrbio nas regiões que controlam a saciedade. Isso faz com que ela demore mais tempo para se sentir satisfeita. Outros problemas que podem gerar mais fome são hipertireoidismo e diabetes descontrolada, que exigem avaliação médica para diagnóstico e tratamento. A alta ingestão calórica também pode ser um dos motivos que leva uma pessoa a sentir mais fome. A gula pode ser confundida com fome, porém, não ocorre por necessidade de ingestão de energia, mas porque o ato de comer se torna irresistível e faz com que a pessoa coma qualquer tipo de alimento
É comum sentir mais fome no inverno. Isso ocorre porque o corpo gasta mais energia para manter a temperatura. No frio, é mais frequente a vontade de alimentos ricos em gordura saturada, como carnes gordurosas e bolachas recheadas, e açúcares de rápida absorção, como pão, arroz e farinhas refinadas. Os chamados carboidratos simples, que são doces, pães e massas, têm rápida absorção pelo corpo, o que faz com que a sensação de saciedade dure menos tempo e a fome surja novamente, mais rápido. Já os chamados carboidratos complexos, que são alimentos como nozes, vegetais e feijões, fornecem a sensação de saciedade por mais tempo, pois geralmente são ricos em fibras.
Pessoas com problemas de compulsão alimentar podem sentir necessidade de comida mesmo sem fome. A compulsão alimentar leva à ingestão de altas quantidades de alimentos calóricos em pouco tempo e várias vezes por semana. Depois desse consumo alimentar descontrolado, a pessoa se sente culpada e pode desenvolver problemas como a bulimia - provocar o vômito depois de ter comido. Segundo a endocrinologista, geralmente quem desenvolve compulsão alimentar tem algum grau de ansiedade ou depressão.
Para abrir o apetite, medicamentos chamados de suplementos minerais fornecem ferro e fósforo, que estão associados à falta de apetite. Ao levar o corpo ao equilíbrio desses minerais, faz com que a vontade de comer volte.
A nutricionista recomenda que as refeições durem entre 30 e 40 minutos para que se inicie o processo de saciedade, já que a mastigação lenta ajuda o sistema digestivo a se preparar para o recebimento do alimento. A saciedade deve aparecer entre 20 e 30 minutos após a refeição, de forma que a pessoa consiga perceber se comeu o necessário ou não.
Em determinados casos, transtornos de ansiedade e depressão podem gerar vontade de comer, como forma de apoio para aliviar a angústia, mas a endocrinologista alerta que esses casos nada têm a ver com fome.
Caso observe que possui problemas ligados à fome, deve consultar um endocrinologista para diagnosticar a causa do descontrole dessa sensação. A partir do diagnóstico, é possível iniciar um tratamento que poderá ser feito por meio de medicamentos, orientação nutricional ou tratamento psicológico.
Fonte: R7