O que o nosso tom de voz comunica?

O tom de voz é um dos elementos com maior influência sobre a comunicação dos seres humanos. Em cada tom há uma série de parâmetros sonoros que dão sentido, consciente e inconscientemente, à mensagem que está sendo transmitida. Alguns deles são o timbre, a intensidade do som, a velocidade da dicção, a clareza, a projeção, etc.

 

Várias pessoas podem dizer exatamente a mesma frase. No entanto, o tom de voz usado por cada uma comunica uma informação psicológica diferente. É então que descobrimos que as palavras têm um conteúdo verbal e não verbal. A esfera não verbal é menos controlável e, por isso mesmo, mais autêntica.

 

É possível saber muito sobre o humor de uma pessoa analisando seu tom de voz. Mesmo se alguém falar em um idioma que não conhecemos, seríamos capazes de perceber algo sobre sua maneira de ser e de sentir apenas ouvindo a forma como ela fala. A seguir daremos algumas ideias para que você possa interpretar o que o tom de voz de uma pessoa diz.

 

O tom de voz e a percepção

O Laboratório de Análise Instrumental da Comunicação sobre Locução e Imaginário da Universidade Autónoma de Barcelona realizou um estudo sobre voz e percepção. Suas conclusões são curiosas e interessantes. Vejamos:

 

- O tom de voz grave sugere maturidade e gera confiança nos demais. Ele é o mais utilizado nos anúncios publicitários;

- Se o tom de voz é extremamente grave, remete a sensações sombrias;

- Uma voz firme e segura nos faz pensar que quem fala é distinto e importante;

- Falar em um tom de voz baixo sugere que a pessoa tem grandes fraquezas ou que é tímida;

- Aqueles que empregam um tom de voz mais agudo transmitem baixa credibilidade.

- A voz é um padrão tão pessoal que, atualmente, é usada para verificar a identidade e dar acesso a muitos sistemas digitais. Também serve como provas em tribunal. Sua confiabilidade é tão grande, ou maior, que a de uma impressão digital.

 

Outros dados interessantes

Alguns psicólogos se deram ao trabalho de identificar os significados ocultos no uso da voz. O resultado é um verdadeiro catálogo de interpretações para as sutilezas que muitas vezes passam despercebidas para a maioria de nós. Vejamos:

 

Respiração

A forma de respirar enquanto falamos dá uma ideia sobre o ritmo no qual a pessoa vive:

 

- Calma: costuma ser uma pessoa equilibrada;

- Profunda e constante: energia e dinamismo;

- Profunda, constante e forte: raiva reprimida;

- Superficial: falta de realismo;

- Curta e rápida: ansiedade, angústia.

 

Intensidade ou volume

Define, de maneira geral, como uma pessoa interage consigo mesma e com os demais:

 

- Normal: autocontrole e capacidade de ouvir;

- Alto: fraqueza, egoísmo e falta de paciência;

- Baixo: inexperiência, repressão.

 

Articulação e vocalização

A vocalização tem a ver com a capacidade de compreensão e o interesse em ser compreendido:

 

- Bem definida: clareza mental, abertura à comunicação;

- Imprecisa: engano ou confusão mental;

- Muito marcada: narcisismo, tensão;

- Travada: agressividade, repressão.

 

Velocidade

Fala sobre o tempo emocional no qual o falante está imerso:

 

- Lenta: falta de interesse, desconexão com o mundo;

- Rápida: tensão, desejo de ocultar informação;

- Regular: contenção, repressão, falta de naturalidade;

- Irregular: confusão, ansiedade, ruptura de comunicação.

 

A voz e as relações interpessoais

O tom de voz imprime um selo à forma que uma pessoa emprega para se comunicar com o mundo. Mesmo que seu interlocutor não seja especialista no assunto, ele recebe inconscientemente uma série de mensagens através da voz do outro. Estas mensagens dão forma à imagem que temos sobre as pessoas.

 

O tom de voz também comunica o tipo de relação que a pessoa quer ter com alguém. Se for frio e cortante, impõe distância; se for quente e sussurrado, convida à aproximação. Pelo tom de voz, define-se o tom de vínculo.

 

É importante esclarecer que o tom de voz de uma pessoa nem sempre é o mesmo. No entanto, existem elementos que sempre permanecem presentes. São precisamente estes padrões constantes que nos dão dicas sobre a personalidade de alguém ou de seu estado de ânimo.

 

Um bom exercício de autoconhecimento é o de nos gravarmos em diferentes situações e, então, parar para ouvir estas notas ocultas presentes em nosso tom de voz. Ao mesmo tempo em que a voz é uma ferramenta comunicativa e de inter-relação, trata-se de um instrumento que vale a pena aprender a controlar.

 

Fonte: A Mente é Maravilhosa