Rio das mães perdidas

Boa noite pra elas, não me pariram,

mas sou filho delas,

Filho das mães que sou,

Das mães que vi, das que convivi,

Eram mães, pretas, pardas, brancas e esmaecidas,

Sorriam, gemiam, adoeciam e passavam céleres,

Um rio de mães,

E eu cá na margem, ....Tantas mães passando!

Rio abaixo... Pra um mar infinito, pra onde vão todas mães!

... E eu cá na margem... Meu coração respigado,

Olhando o rio das mães!

Um desperdício! Ainda me faltam mães!

Uma procissão de mães, um coral de mães,

Ou pelo menos um solo de mãe,

Até um gemido me serve,

Um solfejar de mãe,

Bem baixinho....Pra eu dizer:

Minha mãe tá por ali!

...Bem ali!

 

 

Amarílio Santana